quarta-feira, 14 de agosto de 2013


Photo l Two young ballet dancers, Violet Hutchinson aged 8, and Betty Putt aged 7, rehearsing in a back garden in poplar, East London, 1935. (Fox Photos Getty)

Janela sobre o corpo

A igreja diz: O corpo é uma culpa.
A ciência diz: O corpo é uma máquina.
A publicidade diz: O corpo é um negócio.
O corpo diz: Eu sou uma festa.

Eduardo Galeano. In. “As Palavras Andantes”. Ed.l&pm, 2007, p.138.


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Eros, c. 1817.
Pierre Cartellier (1757-1831)
Parigi – Louvre

"Eros, para os gregos, era uma divindade muito forte. Eros ligado à Afrodite é uma força universal, uma força que aproximava todos os homens, uma força social, porque a vinculação entre os homens da cidade - na definição de Aristóteles, 'o homem é um ser político' - a vida política era uma vida erotizada. Em lugar da multidão, da multidão anônima, o homem tinha vínculos de afeto profundo. 

Hoje, se nós caminhamos pela rua, estamos dentro da multidão completamente sós. Não há ninguém por nós. Se somos agredidos, é recomendação da própria polícia que não se intervenha num conflito em que não se está pessoalmente envolvido. Isto significa que, dentro da multidão, podemos ser agredidos e podemos ser até mortos sem que ninguém nos socorra. A vida atual é uma vida efetivamente deserotizada."

Donaldo Schüler, Doutor em Letras, escritor e tradutor brasileiro
Fonte: Fronteiras do Pensamento



domingo, 4 de agosto de 2013

Photo: Édouard Boubat, 1923-1999

Durkheim disse uma frase muito justa: "A lei segue os costumes". Isso quer dizer que a lei só aparece depois. Primeiro, há algo que é vivido, depois surge uma maneira de pôr ordem nesse vivido. Mas, o problema que enfrentamos cada vez mais é que os diversos discursos, nas diversas instâncias do saber, são totalmente abstratizados, são tornados abstratos da experiência vital. Tomemos a palavra abstratizado ou abstratização no seu sentido simples: retirar-se do vivido. 

O pensamento contemporâneo não está mais organicamente ligado ao vivido: pelo contrário, está totalmente desligado. Assim, há que voltar à experiência vital, voltar a uma atitude que é uma atitude radical. Aliás, lembro que os grandes pensadores foram os que tiveram um pensamento radical, de raiz. É o caso de Marx. Seu pensamento reivindicava, para o século XIX, ir à raiz das coisas. Jung e Freud também tiveram o mesmo pensamento radical. 

Se há uma palavra que pode resumir o que vivemos e o que é nossa cultura, é a palavra "separação". O conceito hegeliano de separação nasceu de uma expressão filosófica, mas já a Bíblia – e é importante referir-se a ela como um dos livros fundadores dessa tradição cultural – diz: "Deus separou a luz das trevas". E é a partir dessa separação original que vai haver um processo de dicotomização do mundo.

A natureza e a cultura, o corpo e o espírito, o corporal e o espiritual. E tudo em conformidade com isso. Uma multiplicidade de dicotomizações que se baseia – e é o que chamo abstratização – no fato de que se vai separar as coisas, de que se vai analisá-las. Foi essa abstratização, foi esse procedimento analítico que fez o modelo ocidental do desenvolvimento científico e tecnológico. Mas talvez, agora, tenhamos chegado ao fim desse processo e algo diferente deverá surgir.

Michel Maffesoli, sociólogo francês
Fonte: Fronteiras do Pensamento | conferência "O espaço da memória”

quinta-feira, 1 de agosto de 2013



Nesta civilização onde as coisas importam cada vez mais e as pessoas cada vez menos, os fins foram seqüestrados pelos meios: as coisas te compram, o automóvel te governa, o computador te programa, a TV te vê.

Eduardo Galeano. In. “De Pernas pro Ar”. Ed. l&pm, 2011, p.255.
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