Eros, c. 1817.
Pierre Cartellier (1757-1831)
Parigi – Louvre
"Eros, para os gregos, era
uma divindade muito forte. Eros ligado à Afrodite é uma força universal, uma
força que aproximava todos os homens, uma força social, porque a vinculação
entre os homens da cidade - na definição de Aristóteles, 'o homem é um ser político'
- a vida política era uma vida erotizada. Em lugar da multidão, da multidão
anônima, o homem tinha vínculos de afeto profundo.
Hoje, se nós caminhamos pela rua, estamos dentro da multidão completamente sós. Não há ninguém por nós. Se somos agredidos, é recomendação da própria polícia que não se intervenha num conflito em que não se está pessoalmente envolvido. Isto significa que, dentro da multidão, podemos ser agredidos e podemos ser até mortos sem que ninguém nos socorra. A vida atual é uma vida efetivamente deserotizada."
Donaldo Schüler, Doutor em
Letras, escritor e tradutor brasileiro
Fonte: Fronteiras do Pensamento