Pensar é perguntar continuamente,
transformando possíveis soluções em novos enigmas. Paradoxalmente, o
pensamento não quer resolver o mundo, mas torná-lo vertiginosamente
enigmático; não deseja dissolvê-lo, mas mantê-lo como problema. Pensar
bem é construir e explorar aporias, impasses, dilemas; é complexificar o
que parece simples ou dado. Não é cortar o nó górdio com a espada, de
forma impaciente, autoritária e violenta, mas desatá-lo serenamente,
fazendo a sua teoria. Pensar, enfim, é problematizar um objeto bem
demarcado, criar hipóteses, testá-las. Depois, procurar articular um
discurso sobre este objeto em linguagem clara e comunicável, debatendo-o
publicamente, iluminando-o sob diversos ângulos, percebendo-o em suas
mudanças no tempo, para ver esse objeto tornar-se um enigma ainda maior!
José Carlos Reis. In. “História & Teoria”. Ed. FGV, 2006, pp.97-98.
tela: Carlo Perugini
Jeune femme lisant, circa 1870.
José Carlos Reis. In. “História & Teoria”. Ed. FGV, 2006, pp.97-98.
tela: Carlo Perugini
Jeune femme lisant, circa 1870.