terça-feira, 17 de fevereiro de 2015





 L'Origine du monde –1866, Museu de Orsay, Paris.
Gustave Courbert, 1819-1877. 

Eu te saúdo, fenda de portentos
A luzir entre dois flancos macios;
Saúdo-te, buraco de amavios,
Que dás ao meu viver contentamento.

Enfim me libertaste dos tormentos
Do alado arqueiro e dos meus desvarios;
Só quatro noites eu te possuí e o
Poder do arqueiro fez-se em mim mais lento.

Pequeno furo, furo arteiro, furo
Tão bem guardado em matagal obscuro,
Que ao mais rebelde domas com presteza:

Todo vero galã, para te honrar,
Devia de joelhos te adorar,
Firme empunhando a sua vela acesa!

Pierre de Ronsard (1524-1585) 
(Trad. José Paulo Paes)


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