Eis-me
prostado a vossos peses
que
sendo tantos todo plural é pouco.
Deglutindo
gratamente vossas fezes
vai
se tornando são quem era louco.
Nem
precisa cabeça pois a boca
nasce
diretamente do pescoço
e
em vosso esplendor de auriquilate
faz
sol o que era osso.
Genuncircunflexado
vos adouro
Vos
amouro, a vós sonouro
Deus
da buzina & da morfina
que
me esvazias enchendo-me de flato
e
flauta e fanoipéia e fone e feno.
Vossa
pá lavra o chão de minha carne
E
planta beterrabos balouçantes
de
intenso carneiral belibalentes
em
que disperso espremo e desexprimo
o
que em mim aspirava a ser eumano
Salva,
deus compacto
cinturão
da Terra
calça
circular
unissex,
rex
do
lugarfalar
comum.
Salve,meio-fim
De
finrinfinfim
Plurimelodia
Distriburrida
no planeta.
Nossa
goela sempre sempre sempre escãocarada
engole
elefantes
engole
catástrofes
tão
naturalmente como se.
E
PEDE MAIS.
A
carne pisoteada de cavalos reclama
pisaduras
mais.
A
vontade sem vontade encrespa-se exige
contravontades
mais.
E
se consome no consumo.
Senhor
dos lares
e
lupanares
Senhor
dos projetos
e
do pré-alfabeto
Senhor
do ópio
E
do cor-no-copo
Senhor!
Senhor!
De
nosso poema fazei uma dor
que
nos irmane, Manaus e Birmânia
pavão
e Pavone
pavio
e povo
pangaré
e Pan
e
Ré Dó Mi Fá Sol-
apante
salmoura
n'alma,
cação podrido.
Tão
naturalmente como se
Como
ni
ou
niente.
Se
estou doente, devo estar doentes.
Se
estou sozinho devo estar desertos.
Se
estou alegre deve estar ruidosos.
Se
estou morrendo, devo estar morrendos?
Cumpro.
Sou
geral.
É
pouco?
Multi
versal.
É
nada?
Sou
al.
Dorme
na tumba a cultura oral.
Era
uma vez a cultura visual.
Quando
que vem a cultural anal
na
recompensa aldeia tribal?
O
meio é a mensagem
O
meio é a massagem
O
meio é a mixagem
O
meio é a micagem
A
mensagem é o meio
de
chegar ao Meio.
O
Meio é o ser
Em
lugar dos seres, isento de lugar,
Dispensando
meios
de
fluorescer.
Salve,
Meio. Salve, Melo.
A
massa vos saúda
em
forma de passa.
Não
quero calar junto do amigo.
Não
quero dormir abraçado
ao
velho amor.
Não
quero ler a seu lado.
Não
quero falar
a
minha palavra
a
nossa palavra.
Não
quero assoviar
a
canção parceria
de
passarinho/aragem.
Quero
komunikar
em
código
descodificar
recodificar
eletronicamente.
Se
komuniko
que
amorico
me
centimultiplico
scotch no bico
paparico
rio
rico
salpico
de
prazer meu penico
em
vosso honor, ó Deus komunikão.
Farto
de komunikar
Na
pequenina taba
subo
ao céu em foguete
até
a prima solidão
levando
o som
a
cor, o pavilhão da komunikânsia
interplanetária
interpatetal.
Convoco
os astros
para
o coquetel
os
mundos esparsos
para
a convenção
a
inocência das galáxias
para
a notícia
a nivola
o show de bala
o sexpudim
o blabladum.
E
quando não restar
O
mínimo ponto
a
ser detectado
a
ser invadido
a
ser consumido
e
todos os seres
se
atomizarem na supermensagem
do
supervácuo
e
todas as coisas
se
apagarem no circuito global
e
o Meio
deixar
de ser Fim e chegar ao fim,
Senhor!
Senhor!
Quem
vos salvará
de
vossa própria, de vossa terríbil
estremendona
inkomunikhassão?
Carlos Drummond de Andrade.
in. As Impurezas do Branco. Ed.
Record, 2005.