Com
a invenção da fotografia, inventou-se também, de certa forma, a máquina do
tempo. Não aquelas dos filmes de ficção científica, uma câmara repleta de
inúmeros aparelhos estranhos onde personagens necessitavam entrar, serem conectados
a um emaranhado de fios e, de repente, desaparecerem em meio a um denso véu de
fumaça, para, a seguir, reaparecerem em algum outro lugar e época. Refiro-me à
máquina do tempo enquanto máquina fotográfica e, especialmente, ao produto
desses aparelhos: as imagens. Com elas, viajamos no tempo, em direção aos
cenários e situações que nelas vemos representados; através de nossas
lembranças, de nossa imaginação, viajamos ao passado e vivemos por instantes
essa ilusão documental.
[...]
As
imagens revelam seus significados quando ultrapassamos sua barreira
iconográfica; quando recuperamos as histórias que, em sua forma fragmentária,
trazem implícitas. Através da fotografia aprendemos, recordamos, e sempre
criamos novas realidades. Imagens técnicas e imagens mentais interagem entre si
e fluem ininterruptamente num fascinante processo de criação/construção de
realidades – e de ficções.
[Fragmento]
Boris
Kossoy in. “Os Tempos da Fotografia”. Ed. Ateliê, 2007, pp. 146-7.