sábado, 18 de maio de 2013

Subjetividades*


Forças poderosas e estratégias insuspeitadas redesenham, a cada dia que passa, nosso rosto incerto no espelho do mundo. Face à vertigem das mutações em curso, sobretudo nessa matéria prima tão impalpável quanto incontornável a que chamamos de subjetividade, e a exemplo do que ocorreu desde a queda do muro de Berlim, não paramos de nos perguntar: o que se passou, o que terá acontecido que de repente tudo mudou, que já não nos reconhecemos no que ainda ontem constituía o mais trivial cotidiano? Aumenta nosso estranhamento com as maneiras emergentes de sentir, de pensar, de fantasiar, de amar, de sonhar, e cada vez mais vemo-nos às voltas com imensos aparelhos de codificação e captura, que sugam o estofo do que constituía, até há pouco, nossa mais intima espessura.

*Peter Pál Pelbart in. “A vertigem por um fio: políticas de subjetividade”. Ed. Iluminuras, 2000, p. 11.

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Le Desespere, c.1844-45.
Gustave Courbet, 1819-1877.
Óleo sobre tela, 45 cm x 55cm.


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