quarta-feira, 1 de maio de 2013

A mulher de trinta anos*




O passo mais importante e decisivo na vida das mulheres é precisamente aquele que consideram sempre o mais insignificante. [...] Só aos trinta anos pode uma mulher conhecer os recursos desta situação. Aproveita-a para rir, gracejar e enternecer-se sem se comprometer. Possui então o tato necessário para atacar no homem todas as cordas sensíveis e estudar os sons que daí tira. O seu silêncio é tão perigoso como as suas palavras. Nunca se pode adivinhar, se nessa idade, é franca ou falsa, se zomba ou se é de boa fé nas suas confissões. Depois de ter-nos dado o direito de lutar com ela, de repente, com uma palavra, um olhar, um desses gestos cujo poder lhe é conhecido, termina o combate, nos abandona, e fica senhora do nosso segredo, ou para nos imolar com um gracejo, ou para se ocupar de nós, protegida igualmente pela sua fraqueza e pela nossa força.

*Honoré de Balzac in. “A mulher de trinta anos”. Ed. Nova Cultural, 1995, pp. 86-87.

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