terça-feira, 18 de outubro de 2011

O trabalhador invisível*



O psicólogo optou por vestir-se de varredor de rua para vivenciar a situação psicológica desse grupo de trabalhadores. Ele notou que, de fato, essas pessoas foram tratadas como “invisíveis” por alunos, professores e outros profissionais que circularam pela universidade durante a pesquisa. “Conhecia muitas das pessoas, porém, todas passavam sem me olhar. Em determinado momento, um professor se aproximou e interrompi a varrição para cumprimentá-lo, debruçando-me sobre a vassoura. Ele não me notou. Chegou a esbarrar no meu ombro e nem sequer parou para pedir desculpas”, conta o pesquisador, ressaltando que, em outra ocasião, sem o uniforme, encontrou acidentalmente esse colega e foi notado por ele.

Segundo Costa, a invisibilidade social repercute na autoestima desses profissionais. A percepção de que são marginalizados restringe sua convivência no ambiente de trabalho aos companheiros de função. É comum que evitem o contato visual para se proteger da violência social. Outro dado levantado, nos sindicatos, é que é muito raro um gari mudar de profissão, o que sugere a exclusão associada à divisão social do trabalho.


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*Fato é que voluntariamente algumas categorias sempre preferiram a invisibilidade (a margem) como forma de proteção e liberdade, é o caso, por exemplo, dos usuários de drogas, das prostitutas, dos cafetões, dos contrabandistas etc. Outras categorias, no entanto, acabaram sofrendo o estigma de uma invisibilidade involuntária como os garis, que se tornaram invisíveis tanto por sua condição social quanto pela tarefa que executam. Porém, é inaceitável que em uma sociedade como a nossa, onde o consumo dita a divisão de classe, o “lixo” acabe sendo confundido com que tem a Digna missão de recolhê-lo. A propósito, alguém ainda se lembra da ofensa cometida pelo jornalista Boris Casoy (Band) contra os garis no ano passado? 


Por Josenias Silva
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