[no século xx] a combinação de tecnologias novas e consumo
de massa não só criou o cenário cultural geral em que vivemos, mas também deu
origem a sua melhor e mais original realização artística: o cinema. Vem daí a
hegemonia dos Estados Unidos democratizados na aldeia global do século xx, sua
originalidade nas formas de criação artística – literária, musical, teatral,
misturando as tradições eruditas e subalternas –, mas também a escala do seu
poder de corromper. O desenvolvimento de sociedades nas quais uma economia
tecnoindustrializada imerge nossa vida em experiências universais, constantes e
onipresentes de informação e produção cultural – de som, imagem, palavra,
memória e símbolos – é, historicamente, inédito. Transformou totalmente nossa
maneira de apreender a realidade e a produção de arte, sobretudo acabando com o
tradicional status privilegiado das “artes” na velha sociedade burguesa, quer
dizer, sua função como medida do que é bom e do que é ruim, como transmissoras
de valores: verdade, beleza e catarse.
*Eric Hobsbawm in. “Tempos Fraturados: cultura e sociedade
no século XX”. Ed. Companhia das Letras, 2013, p. 14.
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Elvis I
and II , c. 1963.
Andy
Warhol, 1928 – 1987.