quinta-feira, 6 de junho de 2013

Tempos Fraturados*

[no século xx] a combinação de tecnologias novas e consumo de massa não só criou o cenário cultural geral em que vivemos, mas também deu origem a sua melhor e mais original realização artística: o cinema. Vem daí a hegemonia dos Estados Unidos democratizados na aldeia global do século xx, sua originalidade nas formas de criação artística – literária, musical, teatral, misturando as tradições eruditas e subalternas –, mas também a escala do seu poder de corromper. O desenvolvimento de sociedades nas quais uma economia tecnoindustrializada imerge nossa vida em experiências universais, constantes e onipresentes de informação e produção cultural – de som, imagem, palavra, memória e símbolos – é, historicamente, inédito. Transformou totalmente nossa maneira de apreender a realidade e a produção de arte, sobretudo acabando com o tradicional status privilegiado das “artes” na velha sociedade burguesa, quer dizer, sua função como medida do que é bom e do que é ruim, como transmissoras de valores: verdade, beleza e catarse.

*Eric Hobsbawm in. “Tempos Fraturados: cultura e sociedade no século XX”. Ed. Companhia das Letras, 2013, p. 14.

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Elvis I and II , c. 1963.
Andy Warhol, 1928 – 1987.



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