sábado, 2 de junho de 2012

A Morte dos Pobres*


Retrato de "Cosette" por Émile Bayard, 
da edição original de Les Misérables (1862)

É a morte que consola e que nos faz viver!
É o motivo da vida, é a única esperança.
Elixir que nos inebria, nos encanta
e nos dá forças para ver o anoitecer.   

Através da tormenta, da neve, do frio,
é a clareza vibrante no horizonte escuro.
É o albergue famoso inscrito no livro,
em que vamos comer, dormir e estar seguros.

É um Anjo que tem em seus dedos magnéticos
o dom do sono, o dom dos sonhos extasiados,
e refaz a cama dos pobres desnudados.

É o resplendor dos Deuses, é o celeiro místico,
é o recinto dos pobres e seu berço antigo,
pórtico aberto sobre os céus desconhecidos!    
                          
Charles Baudelaire
Tradução: Márcia Sanchez Luz
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