quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A Solteirona*


Leve, como após a morte,
as luvas e o lenço toma.
Da cômoda, um cheiro forte
suplanta o dileto aroma

tão próprio de antigamente
já vaidosa não indaga
(a algum remoto parente)
– Que tal? – e em sonhos divaga

na alcova, que assim bonita
conserva e trata e aprimora:
porque certamente a habita
a mesma moça de outrora.

Rainer Maria Rilke in. “Poemas”. Ed. Ediouro, s/d. p.47.

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