Depus a máscara e vi-me ao
espelho...
Era a criança de quantos
anos...
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber
tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que fica,
A criança.
Depus a máscara, e tornei
a pô-la.
Assim é melhor.
Assim sou a máscara.
E volto à normalidade como
a um términus de linha.
Álvaro de Campos
*Fernando Pessoa in.
“Poesia de Álvaro de Campos”. Ed. Martin Claret, 2006, p.445.