sábado, 12 de janeiro de 2013

Máscara*



Depus a máscara e vi-me ao espelho...
Era a criança de quantos anos...
Não tinha mudado nada...

É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que fica,
A criança.

Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor.
Assim sou a máscara.

E volto à normalidade como a um términus de linha.

Álvaro de Campos

*Fernando Pessoa in. “Poesia de Álvaro de Campos”. Ed. Martin Claret, 2006, p.445.

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