(Photo: Leandro Pena)
“Para as Festas da Agonia / Vi-te
chegar; como havia / Sonhado que já chegasses: / Vinha teu vulto tão belo / Em
teu cavalo amarelo, / Anjo meu, que, se me amasses, / Em teu cavalo eu partiria...”
(Mario Faustino in. “O homem e sua hora”. Ed. Companhia das
Letras, 2009, p.69.).
Tem momentos em que a
ideia de morte me assalta. Não que isso se constitua um problema para mim, como
tenho certeza que o é para a maioria das pessoas. Para ser sincero, até gosto
de pensar na morte. De imaginá-la chegando, como no poema de Mário Faustino,
montada em seu cavalo amarelo. Mas a razão de pensar na morte é justamente
porque estamos vivos. E a vida nos assusta a tal ponto que precisamos do seu
contrário para minimamente explicá-la. E assim, pensando na morte, vivemos mais
um pouco. Quero dizer, ela deixa de ser uma dama misteriosa que nos espreita,
que nos rouba o viço da juventude, para tornar-se nossa companheira de
cavalgada. Chego à conclusão de que a morte é uma amiga que ceia conosco, que seguramente
ri do nosso medo, das nossas fraquezas, mas que, tranqüila e infalível, nos
carregará no seu saco para algum lugar distante.
*Josenias S. Silva in.
Fronteiras Literárias.