domingo, 13 de janeiro de 2013

As festas da agonia*


(Photo: Leandro Pena)

Para as Festas da Agonia / Vi-te chegar; como havia / Sonhado que já chegasses: / Vinha teu vulto tão belo / Em teu cavalo amarelo, / Anjo meu, que, se me amasses, / Em teu cavalo eu partiria...” (Mario Faustino in. “O homem e sua hora”. Ed. Companhia das Letras, 2009, p.69.).


Tem momentos em que a ideia de morte me assalta. Não que isso se constitua um problema para mim, como tenho certeza que o é para a maioria das pessoas. Para ser sincero, até gosto de pensar na morte. De imaginá-la chegando, como no poema de Mário Faustino, montada em seu cavalo amarelo. Mas a razão de pensar na morte é justamente porque estamos vivos. E a vida nos assusta a tal ponto que precisamos do seu contrário para minimamente explicá-la. E assim, pensando na morte, vivemos mais um pouco. Quero dizer, ela deixa de ser uma dama misteriosa que nos espreita, que nos rouba o viço da juventude, para tornar-se nossa companheira de cavalgada. Chego à conclusão de que a morte é uma amiga que ceia conosco, que seguramente ri do nosso medo, das nossas fraquezas, mas que, tranqüila e infalível, nos carregará no seu saco para algum lugar distante.

*Josenias S. Silva in. Fronteiras Literárias.

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