Caminhar
é ter falta de lugar. É o processo indefinido de estar ausente e à procura de
um próprio. A errância, multiplicada e reunida pela cidade, faz dela uma imensa
experiência social de privação de lugar – uma experiência, é verdade,
esfarelada em deportações inumeráveis e ínfimas (deslocamentos e caminhadas),
compensada pelas relações e os cruzamentos desses êxodos que se entrelaçam,
criando um tecido urbano, e posta sob o signo do que deveria ser, enfim, o
lugar, mas é apenas um nome, a Cidade.
*Michel
de Certeau in. “A invenção do cotidiano: artes de fazer”. Ed. Vozes,
2008, p. 183.
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