sábado, 23 de março de 2013

O olho da história*


Ao ocupar-se da narrativa histórica constituída pelas fotografias de imprensa, o historiador não pode situar-se como mero espectador dos fatos passados, tomando tais imagens como janelas que se abrem aos acontecimentos. Ao contrário, há de se posicionar criticamente em relação às operações conceituais e práticas que envolvem a produção, a circulação, o consumo e o agenciamento das fotografias de imprensa pelos sujeitos envolvidos em tais operações: fotógrafos, editores, jornalistas, público etc. Ao julgar tais fotografias como imagens-monumento e imagens-documento, a análise historiográfica vai de encontro às memórias construídas sobre os acontecimentos, desmontando-as, desnaturalizando-as, apontando para seu caráter de construção, comprometimento e subjetividade.

*Ana Maria Mauad in. “História e Imprensa: representações culturais e práticas políticas”. Ed. DP&A, 2006, p. 381.

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Menina de cinco anos rejeita o cumprimento do presidente João Figueiredo em plena ditadura militar no Brasil /Cerimônia no Palácio da Liberdade, Belo Horizonte, 1979. Photo: Guinaldo Nicolaevsky.


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