VADA A BORDO, CAZZO!
1. Essa frase é uma lição de modernidade em tempos de internet. É viral, está na internet, nos jornais, enfim, virou camiseta, palavra de ordem: “Volte a bordo, caralho!”
Ou: Assuma o controle! Faça alguma coisa!Você é o responsável! Não é mais a frase do Capitão da guarda costeira Gregorio de Falco dando um esporro no comandante fujão do Costa Concordia, é um grito de revolta, é um chamado a todos os italianos para que tenham dignidade, enfrentem a tragédia, assumam seu posto.
E não é só um fato italiano. Em todo o mundo temos que gritar para os que fogem à sua responsabilidade: VADA A BORDO, CAZZO!
2. Isto é perturbador e fascinante. É a velocidade viral da modernidade. Uma frase ocasional, aleatória pode provocar hoje uma revolução quando potencializada pelos repetidores, pelos que dela se apropriam e a “autorizam”.
Uma frase-lãmina que corta o noticiário e penetra no cotidiano.
Uma forma de hai-kai eletrônico. Pedra de toque. A camiseta como o lugar (no peito) da demonstração afetiva.
A manchete de jornal não basta, o filme não basta, o romance não basta, o discurso não basta: a frase viral vai além da publicidade potencializa o slogan de ontem.
Pode virar um tsunami.
Pode reerguer um país (uma pessoa) do naufrágio.
Uma frase assim tem a força imemorial da poesia.