terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Fundação da Beleza*



Por Eduardo Galeano



Lá estão, pintadas nas paredes e nos tetos das cavernas.

Essas figuras, bisontes, alces, ursos, cavalos, águias, mulheres, homens, não têm idade. Nasceram há milhares de milhares de anos, mas nascem de novo cada vez que alguém as vê.

Como puderam, nossos remotos avós, pintar de maneira tão delicada? Como puderam eles, aqueles brutamontes que lutavam mano a mano contra as feras, criar figuras tão cheias de graça? Como puderam eles desenhar essas linhas voadoras que escapam da pedra e vão-se embora pelos ares? Como eles puderam…?

Ou seriam elas?

Eduardo Galeano, Espelhos, 2009, p.13.

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