domingo, 13 de novembro de 2011

Fim*

Por MÁRIO DE SÁ CARNEIRO




Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.

_____
*Pena que o pobre Mário tenha tido um fim menos “festivo”, porém, não menos típico aos artistas de sua geração. Mário suicidou-se no Hotel de Nice, no bairro de Montmartre em Paris, após ingerir vários frascos de estricnina no dia 26 de abril de 1916. “A um morto nada se recusa”, dizia ele, e essa foi sua última extravagância. 
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