quarta-feira, 9 de novembro de 2011

No caminho com Maiakóvski*


Por EDUARDO ALVES DA COSTA

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

______
*Precisamos gritar antes que seja tarde...
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