sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A consciência da morte*


Toda vida está posta entre dois parênteses: nascimento e morte. E só o homem tem consciência disso. O nascimento é fato de que não se tem lembrança. Quem se reconhece existindo tem a impressão de que sempre existiu, de que desperta de um sono sem memória. Ouvir falar do próprio nascimento não estimula qualquer recordação. Pessoa alguma guarda experiência do início de seu existir. Estamos todos destinados à morte. Ignorando o momento em que ela virá, procedemos como se nunca devesse chegar. Em verdade, vivendo, não acreditamos realmente na morte, embora ela constitua a maior de todas as certezas. A consciência puramente vital desconhece a morte. É preciso que nos demos conta da morte, para que ela se torne uma realidade para nós. A partir daí, transforma-se a morte em uma situação-limite: aqueles que me são mais caros e eu próprio cessaremos de existir. A resposta a essa situação-limite há de ser encontrada na consciência existencial de mim mesmo.

*Karl Jaspers in. “Introdução ao pensamento filosófico”. Ed. Cultrix, 1993, p. 127.

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“El beso de la muerte”, Artemi Barba.
Cemitério de Poblenou, Barcelona.


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