Tantas
cidades no mapa... Nenhuma, porém, tem mil anos.
E as mais
novas, que pena: nem sempre são as mais lindas.
Como
fazer uma cidade? Com que elementos tecê-la? Quantos fogos terá?
Nunca se
sabe, as cidades crescem,
mergulham
no campo, tornam a aparecer.
O ouro as
forma e dissolve; restam navetas de ouro.
Ver tudo
isso do alto: a ponte onde passam soldados
(que vão
esmagar a última revolução);
o pouso
onde trocar de animal; a cruz marcando o encontro dos valentes
a pequena
fábrica de chapéus; a professora que tinha sardas...
Esses
pedaços de ti, América, partiram-se na minha mão.
A criança
espantada
não sabe
juntá-los.
[Fragmento]
*Carlos
Drummond de Andrade in. “Poesia Completa”. Ed. Nova Fronteira, 2007, p.198.
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Detalhe: Ouro
Preto, MG.