terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Encarnação*



Carnais, sejam carnais tantos desejos, 
carnais, sejam carnais tantos anseios,
palpitações e frêmitos e enleios, 
das harpas da emoção tantos arpejos... 

Sonhos, que vão, por trêmulos adejos, 
à noite, ao luar, intumescer os seios 
láteos, de finos e azulados veios 
de virgindade, de pudor, de pejos... 

Sejam carnais todos os sonhos brumos 
de estranhos, vagos, estrelados rumos 
onde as Visões do amor dormem geladas... 

Sonhos, palpitações, desejos e ânsias 
formem, com claridades e fragrâncias, 
a encarnação das lívidas Amadas!

*Cruz e Sousa in. “Broqueis”. Ed. l&pm, 2002.

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Baigneuse Assise, 41 x 64 cm.
William A. Bouguereau, 1825-1905.

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