domingo, 18 de dezembro de 2011

Alento*

 Por Caio Fernando Abreu




Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do Tempo
e a minha voz à doce voz do vento.
Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera pelo que há de vir.


in: Caio 3D, O Essencial da Década de 1970, p.144.
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