Por Eduardo Galeano
La Coruña, verão de 1936: Bebel García morre fuzilado.
Bebel usava a esquerda para jogar e para pensar.
No estádio, veste a camiseta do Depor. Na saída do estádio, veste a camiseta da Juventude Socialista.
Onze dias depois da morte de Franco, quando acaba de fazer vinte e dois anos, enfrenta o pelotão de fuzilamento:
- Um momento – ordena.
E os soldados, galegos como ele, boleiros como ele, obedecem.
Então Bebel desabota a braguilha, lentamente, botão por botão, e cara a cara com o pelotão lança uma longa mijada.
Depois, abotoa a bragueta:
- Agora, sim.
in: Espelhos, 2009, p. 271.