quarta-feira, 25 de abril de 2012

Saudade tem idade, sim*



Dizem que  a gente começa a envelhecer quando objetos e hábitos do passado passam a frequentar nossa imaginação. Não concordo, pois apesar de me sentir jovem, sinto cada vez mais saudade de velhos e bons tempos quando tudo, ou quase tudo, era muito mais fácil, por incrível que pareça!
Se não vejamos. Não faz tanto tempo assim, telefone era pra gente falar com alguém lá do outro lado da linha. Com  a chegada da modernidade a uma velocidade quase tão poderosa como a do som,  fomos obrigados a  aprender que falar ao telefone é apenas um detalhe, porque, na verdade, ele virou uma fonte de informação e entretenimento, a tal ponto que até colocamos uma ligação em “hold’, ou em compasso de espera, enquanto fazemos  uma consulta no Google.
E o que dizer das câmeras fotográficas? Como era romântico a gente revelar as fotos  e poder tocar em tantas recordações, manuseando as imagens num papel brilhante e colorido?  Depois do clique, tínhamos que esperar alguns dias pela revelação das fotos com uma enorme ansiedade. E quando as pegávamos, quanta emoção em ver registrados no papel o passeio ou a festinha de aniversário? Dali para o álbum, as fotos ficavam  protegidas por folhas de plástico transparente. Ali elas estavam sempre a mão, podíamos revê-las ou compartilhá-las com outros amigos e parentes.
Agora, mal ligamos para as fotos que tiramos. A facilidade é tanta que apenas clicamos no “play”  da própria  máquina para checar se a luz ficou boa ou se saímos bem na foto.  E pronto. Dali elas vão para uma pasta no arquivo de fotos do computador e ali ficam para sempre ou até que, não as tendo arquivado nas "nuvens" ou em dispositivo externo, as perdemos para sempre no primeiro colapso do computador.
E o que dizer dos textos, antes batidos nas "pretinhas" das Olivetti e Remington, com o carrinho pesado e a alavanca para mudar de linha?  Acho até que elas nos inspiravam para contar as histórias com mais criatividade e emoção.  Agora, já não fazemos força. As teclas obedecem ao mais leve toque de nossos dedos. Depois o computador faz o resto, arquiva tudo e a gente só tem que lembrar em que pasta foram armazenados nossos sonhos e pensamentos.
Evidentemente, essas são apenas elocubrações sobre o que tínhamos antes e o que estamos presenciando nesses tempos de  verdadeira revolução tecnológica, tão rápida que muitas vezes temos dificuldade em  assimilá-la.
Não sei se acontece com todo mundo, mas vejo-me,  muitas vezes, meio perplexa e até um pouco renitente diante de tantas mudanças. Mal a gente consegue aprender a lidar com determinada engenhoca,  moderna e sofisticada, lá vem outra para tornar obsoleta ou, no mínimo, ultrapassada a de apenas um ano atrás. 
Claro que todos celebramos a modernidade. O mundo e a humanidade têm que andar para frente. O que vale nem é mais tanto o presente, e sim o futuro imediato, a transformação enlouquecedora das coisas e até mesmo dos homens. Ao lado da modernidade da máquina, existe também a da humanidade, a jovialização corre lado a lado com tudo disso e  o jeito é acompanhar os novos tempos nem que seja só pelas ondas da web.
Mas olha, se você pensa como eu, se sente falta  daqueles objetos nem tão antigos assim, mas que eram mais verdadeiros e  estimulavam a nossa imaginação, dá só uma olhada em alguns deles aqui embaixo, para matar a saudade que, ao contrário do que dizem, tem idade sim!



Leila Cordeiro. in. Direto da Redação

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