Dizem que a gente começa a envelhecer quando
objetos e hábitos do passado passam a frequentar nossa
imaginação. Não concordo, pois apesar de me sentir jovem, sinto cada vez
mais saudade de velhos e bons tempos quando tudo, ou quase tudo, era muito mais
fácil, por incrível que pareça!
Se não vejamos. Não
faz tanto tempo assim, telefone era pra gente falar com alguém lá do outro lado
da linha. Com a chegada da modernidade a uma velocidade quase tão
poderosa como a do som, fomos obrigados a aprender que falar ao
telefone é apenas um detalhe, porque, na verdade, ele virou uma fonte de
informação e entretenimento, a tal ponto que até colocamos uma ligação em
“hold’, ou em compasso de espera, enquanto fazemos uma consulta no
Google.
E o que dizer das
câmeras fotográficas? Como era romântico a gente revelar as fotos e poder
tocar em tantas recordações, manuseando as imagens num papel brilhante e
colorido? Depois do clique, tínhamos que esperar alguns dias pela
revelação das fotos com uma enorme ansiedade. E quando as pegávamos, quanta
emoção em ver registrados no papel o passeio ou a festinha de aniversário?
Dali para o álbum, as fotos ficavam protegidas por folhas de plástico
transparente. Ali elas estavam sempre a mão, podíamos revê-las ou compartilhá-las
com outros amigos e parentes.
Agora, mal ligamos
para as fotos que tiramos. A facilidade é tanta que apenas clicamos no
“play” da própria máquina para checar se a luz ficou boa
ou se saímos bem na foto. E pronto. Dali elas vão para uma pasta
no arquivo de fotos do computador e ali ficam para sempre ou até que,
não as tendo arquivado nas "nuvens" ou em dispositivo externo, as
perdemos para sempre no primeiro colapso do computador.
E o que dizer dos
textos, antes batidos nas "pretinhas" das Olivetti e Remington,
com o carrinho pesado e a alavanca para mudar de linha? Acho até que
elas nos inspiravam para contar as histórias com mais criatividade e emoção.
Agora, já não fazemos força. As teclas obedecem ao mais leve toque de
nossos dedos. Depois o computador faz o resto, arquiva tudo e a gente só
tem que lembrar em que pasta foram armazenados nossos sonhos
e pensamentos.
Evidentemente, essas
são apenas elocubrações sobre o que tínhamos antes e o que estamos
presenciando nesses tempos de verdadeira revolução tecnológica, tão
rápida que muitas vezes temos dificuldade em assimilá-la.
Não sei se acontece
com todo mundo, mas vejo-me, muitas vezes, meio perplexa e até um pouco
renitente diante de tantas mudanças. Mal a gente consegue aprender a lidar
com determinada engenhoca, moderna e sofisticada, lá vem outra
para tornar obsoleta ou, no mínimo, ultrapassada a de apenas um ano
atrás.
Claro que todos
celebramos a modernidade. O mundo e a humanidade têm que andar para frente. O
que vale nem é mais tanto o presente, e sim o futuro imediato, a transformação
enlouquecedora das coisas e até mesmo dos homens. Ao lado da modernidade da
máquina, existe também a da humanidade, a jovialização corre lado a lado com
tudo disso e o jeito é acompanhar os novos tempos nem que seja
só pelas ondas da web.
Mas olha, se você
pensa como eu, se sente falta daqueles objetos nem tão antigos assim, mas
que eram mais verdadeiros e estimulavam a nossa imaginação, dá só uma
olhada em alguns deles aqui embaixo, para matar a saudade que, ao contrário do
que dizem, tem idade sim!
Leila Cordeiro. in. Direto da Redação