sexta-feira, 9 de março de 2012

A desmemória*



Por Eduardo Galeano



Estou lendo um romance de Louise Erdrich.
A certa altura, um bisavô encontra seu bisneto.
O bisavô está completamente lelé (seus pensamentos têm a cor da água) e sorri com o mesmo beatífico sorriso de seu bisneto recém-nascido. O bisavô é feliz porque perdeu a memória que tinha. O bisneto é feliz porque não tem, ainda, nenhuma memória.
Eis aqui, penso, a felicidade perfeita. Não a quero.


in. O livro dos abraços, 2010, p.109.



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